Originalmente alemão e popularizado na Argenitna e Uruguai por ser símbolo maior do tango, foi no Brasil que o bandoneón teve fabricação em série. A Danielson foi a única fábrica de bandoneões das Américas. Houve, noutras partes, quem montasse o reconstruísse bandoneões, mas a fabricação continuada somente ocorreu no nº 6 da Rua Guaporé, em Santa Rosa - RS, onde hoje o filho do fundador Ari Einar Danielson, Berci Danielson, mantém sua oficina de reparos de acordeões e bandoneões.
ATIVIDADE
A empresa operou em dois momentos distintos:
Deu início à construção de seus bandoneões em 1954 e seguiu produzindo até 1966. (Estes dados se baseiam em relatos e pesquisa preliminar).
Após um ínterim de quase vinte anos, voltou a fabricar bandoneões em meados dos anos 1980 e parou de produzir no ano de 1994, seguindo apenas com a produção de acordeões e fechando definitivamente em 1998.
Em ambos os períodos, todas as peças eram produzidas na fábrica: cantoneiras, palhetas, chapas, botões, madeiramento.... Em alguns modelos mais novos foram usadas peças importadas como liras, filetes de contorno e cantoneiras.
Primeira Geração
No período compreendido entre 1954 e 1966, conhecido como Primeira Geração, foram produzidos pouco mais de 1000 bandoneões. Em um registro particular mantido com a ajuda de amigos (aguarda-se contribuições) o último bandoneón que se conhece é o de nº 1007, de 1966. Possivelmente houve outros bandoneões depois deste, mas seguramente não muitos mais.
Não obstante, foram produzidos alguns bandoneões sem numeração de série, supostamente para evitar o pagamento de impostos, o que inviabiliza uma afimação categórica sobre o número de bandoneões produzidos.
Os instrumentos da dita Primeira Geração apresentam alguns detalhes como liras, filetes e outros que variam conforme a época de construção, o que permite traçar a idade dos instrumentos sem numeração, mas não sua quantidade - que não é tão expressiva.
Modelos da Primeira Geração
Os bandoneões Danielson foram sempre fabricados com chapas de alumínio e sistema Rheinische tonlage (Sistema Argentino)
A fábrica produziu basicamente dois 2 modelos de bandoneões:
- Modelo de 142 vozes, em segunda de voz e, eventualmente, em terça de voz
- Modelo de 152 vozes, em segunda de voz
Nesta fase, os bandoneões eram todos revestidos de celulóide, via de regra preto, podendo ter flores coloridas. Há bandoneões brancos (207), azuis, cinzas (105), mas a regra é o preto.
Já as flores, via de regra, são brancas ou douradas. Essas flores variam em modelo ao longo dos anos e podem apresentar outras cores.
Abaixo, fotos de alguns instrumentos da Primeira Geração
Danielson Azul/Flores Brancas, 142 tons, III/II, 25/07/1965
Exemplos de liras da Primeira Geração
Garantia da Fábrica
Exemplo de som de um bandoneón Danielson
- Chamamé
- Milonga
Segunda Geração
O período compreendido entre meados dos anos 1980 (reabertura) e 1994 (fechamento) é comumente conhecido como Segunda Geração. Neste período, a fábrica esteve a cargo de João Carlos Loureiro. Posteriormente, em 1989, o bandoneonista Mano Monteiro foi incorporado à fábrica.
Modelos da Segunda Geração
Neste período foram produzidos bandoneões de diversas cores, mantendo-se o padrão estético dos anos anteriores.
Houve também a fabricação de instrumentos mais parecidos aos antigos Alfred Arnold, com liras metálicas tipo AA, filetes de contorno tipo AA, meia-cana metálica e sem celulóide, em uma clara tentativa de conquistar novos mercados.
A qualidade dos instrumentos desta época varia bastante, decrescendo com o tempo por problemas técnicos das matrizes e pelo tipo de material utilizado.
Eram fabricados entre 3 e 4 instrumentos por mês e o preço de venda era de 3 mil dólares.
O fechamento da fábrica se deu por conta da baixa demanda e de problemas financeiros. Continuou, contudo, a fabricação de acordeons até 1998.
Abaixo, exemplo de alguns instrumentos representativos da Segunda Geração
Danielson Branco, final dos anos 1980, 142 tons, II/II, nº 064 / 26
Danielson 142 tons, II/II, nº 064, aprox. 1989
Danielson, 142 tons, II/II, nº 006/005, 04/1987 (com botões do sr. Elpídio)
Publicidade da época (com inglês duvidoso)