quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

P.: Qual a diferença entre o som produzido por chapas de zinco e de alumínio?
R.: A propagação do som nestes metais difere por conta de fatores físicos. Isso influi no timbre, embora muitas vezes esta diferença seja quase imperceptível.

P.: Por que os modelos unissonoros soam diferente dos modelos bissonoros?
R.: Basicamente, soam diferentes por que as notas se foram em regiões distintas do instrumento. Além disso, por conta de as palhetas estarem rebitadas em uma mesma chapa, ao soarem produzem harmônicos diferentes conforme as notas vizinhas (que são diferentes nos vários modelos).

P.: Porque muitos músicos tocam só (ou quase só) abrindo o fole?
R.: Há várias respostas: primeiro por que é mais fácil decorar um teclado só. Segundo porque o timbre é mais bonito já que a ressonância do som produzido abrindo e fechando é distinta por que as notas se formam em regiões distintas do instrumento.). Essa diferença é maior nos instrumentos bissonoros.

P.: Qual a diferença entre os modelos bissonoros e unissonoros?
R: Os modelos bissonoros (Rheinische e Einheits) produzem notas distintas para o mesmo botão ao abrir e fechar o fole. Os modelos unissonoros (Péguri, Manoury, Kusserow...) produzem apenas uma nota para cada botão ao abrir e fechar o fole.

P.: Os modelos unissonoros são mais fáceis de tocar que os bissonoros?
R.: Teoricamente sim, mas se o objetivo é tocar tango, há que se levar em conta que toda a literatura está voltada para um tipo de teclado (Rheinische) e obviamente faz uso de suas idiossincrasias para produzir efeitos e fraseados.

P.: Existe acordeon com som de bandoneón?
R.: Não, e por um motivo muito simples: a caixa de ressonância é diferente.

P.: O tipo de decoração exterior (nacarado) e a cor têm alguma relação com a qualidade do instrumento?
R.: Absolutamente nenhuma. A cor e o nácar não têm função harmônica.

P.: O instrumento desafina se for aberto?
R.: Se houver um mínimo de cuidado, não.

P.: Quanto tempo dura uma afinação?
R.: Depende do instrumento, das condições de tempo e de uso. Na verdade, o instrumento começa a desafinar assim que sai da afinação, mas bom instrumento pode segurar a afinação (em níveis razoáveis de exigência) por vários anos se bem cuidado e não exposto a umidade.

P.: Os instrumentos chamados de pré-guerra são sempre melhores que os chamados pós guerra?
R.: Em geral sim, mas não é uma regra sem exceções. Existem instrumentos pré-guerra horríveis.

P.: Como diferenciar um AA pré-guerra de um pós-guerra?
R.: Convém lembrar que uma grande parte dos instrumentos chamados de pós-guerra foi produzida, na verdade, durante a II Guerra Mundial, mas o uso consagrou esta expressão por coincidir com um determinado desenho da lateral da mão direita (ver foto). Este desenho é a forma mais fácil de identificar um pós-guerra.

P.: Afinar bandoneón é igual a afinar acordeon?
R.: Teoricamente, o princípio é o mesmo. Contudo, o bandoneón tem muitas singularidades referente à precisão de afinação, à pressão dos rebites, ao tipo de couro a ser usado, às vedações e outros detalhes. Por isso, afinar um bandoneón requer experiência prévia que a imensa maioria dos luthiers de acordeón não tem (porque não há muita demanda). É sempre mais prudente procurar um luthier especializado em bandoneón.

P.: Os AA são sempre melhores que os outros bandoneóns?
R.: Não. Não existe hierarquia de marcas em termos de qualidade. Em termos comerciais, os AA têm mais valor, mas existem muitos AAs ruins e existem muitos ELA e Meinel&Herold bons. Infelizmente, não há um padrão de qualidade na produção destas fábricas e o melhor a fazer é experimentar o bandoneón para saber se é bom ou não. A marca e o modelo apenas não dizem muita coisa.

P.: Qual a extensão do teclado do bandoneón?
R.: No modelo mais tradicional, o Rheinische tonlage, a extensão vai do C2 a B4 na mão esquerda e do A3 ao B6. Existem alguns bandoneóns, os de 152 tons, que têm 3 botões a mais na mão esquerda (A#1/D#1, C#1/C1 e E4/G4) e 2 a mais na mão direita (G3 e G#3) Ver layout. Hoje em dia, os bandoneóns de Klaus Gutjahr já vêm com notas agregadas. A Bandonionfabrik produz um modelo de 154 tons e Uwe Hartenhauer produz um modelo de 158 tons, o teclado mais amplo que se produz hoje. A título de curiosidade, alguns bandoneonistas do tango encomendaram bandoneóns com notas agregadas como foi o caso de Gabriel Clausi, Minotto di Cicco e Roberto di Filippo..

P.: O bandoneón é um instrumento muito difícil de aprender a tocar?
R.: Todo instrumento é difícil de aprender a tocar se se quer tocar bem.

P.: Dá para tocar tango com bandoneón sistema Einheits?
R.: Dá pra tocar tango com qualquer instrumento que produza notas. Uma harpa produz notas, mas não tem o timbre requerido pelo tango. O mesmo acontece com o Einheits. Cabe ressaltar que o problema não é o layout do bandoneón, mas sim o fato de, normalmente, estes bandoneóns terem 3 ou 4 chapas por nota em vez de 2 (II/II), o que confere um timbre mais próximo ao do acordeon. Uma solução para isso é anular as placas sobressalentes. Contudo, a caixa de ressonância dos instrumentos é maior e a versatilidade fica um pouco prejudicada.

P.: Dá pra tocar tango com instrumentos pequenos (menos de 142 tons)?
R.: O tango é uma música de certa complexidade e costuma utilizar toda a extensão do teclado. Ao não contarem com algumas notas, os instrumentos pequenos prejudicam a execução de diversas músicas.

P.: Para aprender é aconselhável começar com um instrumento pequeno (de menos de 142 tons)?
R.: Não, pois faltam notas.

P.: Qual a relação da numeração dos botões com as notas?
R.: Nenhuma. Os números têm a ver com a evolução do teclado e, antigamente, serviam para 'facilitar' o aprendizado rudimentar. Hoje são obsoletos e não têm mais função, sendo mantidos apenas por tradição. Os números inteiros (1, 2, 3, 4...) correspondem, com exceções, à gênese do instrumento; aos primeiros botões. Logo, os botões agregados tomavam o número dos botões adjacentes. Nesse sentido, os botões ao lado do 1 e do 2 e do 2 e  do 3 recebem os números de 1/2, 2/3 e assim por diante.

P.: Qual a extensão do teclado de um bandoneón de tamanho normal (de 142 tons)?
R.: Na mão esquerda, cromaticamente, vai de um C2 até um B4. Faltam o C#2 e o Bb4. Na mão direita, vai de um A3 até um B6. Falta um Bb6. Há bandoneóns com mais tons. Uwe Hartenhauer faz banodnéon de até 158 tons, mas o tradicional são 142, de C2 a B6.

P.: Como é a leitura de partitura para bandoneón?
R.: É como a de piano. Clave de Sol e de Fá para as mãos direita e esquerda respectivamente.

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domingo, 21 de abril de 2013

Biografia do "Tio Mena Barreto", idealizador e organizador do Encontro de Bandoneonistas de Passo Fundo - RS

A título de homenagem, publica-se a biografia do idealizador e organizador do Encontro de Bandoneonistas da Cidade de Passo Fundo - RS

Tio Mena Barreto é retrato vivo do folclore meridional brasileiro e merecedor das mais altas homenagens.



Segue o texto, gentilmente enviado pelo amigo Hitlon Luiz Araldi


        PLÍNIO MENA BARRETO DO AMARAL

                                       (Biografia comentada)

        Filho do Capitão da Guarda Nacional, Felipe Olímpio Barreto do Amaral e de dona Altiva Ferreira do Amaral, e neto paterno de Sinfrônio Barreto do Amaral e da vovó Cândida Barreto do Amaral, nasceu dia 08 de dezembro de 1924, no 1º Distrito de Lagoa Vermelha, hoje Município de Capão Bonito do Sul.
        Sua numerosa família, alem da irmã, Maria Cândida Tavares Barreto do Amaral, do primeiro casamento de seu pai,  era integrada pelos irmãos Joaquim Francisco de Assis e Veridiano, e das irmãs, Carminha, Sílvia, Lourdes e Diunina Barreto do Amaral.
        Como todo guri de estância, até os 19 anos morou  com a família, ajudando na lides de campo, tendo sido bom pialador a pé e a cavalo, e portanto, profundo conhecedor das lides campeiras, até que por decisão da família foram morar em Caxias do Sul, durante 05 anos.
        Na infância aprendeu as primeiras letras, até o quinto Livro e recorda com saudade da leitura do livro intitulado “O Manuscrito”, ao final de seus estudos.
        Depois de ter servido o Exército Nacional , sob as ordens do Gal. Oscar Gomes do Amaral, e dado baixa como 3º Sargento do então 2º GACAV 75 da famosa Santiago do Boqueirão, voltou para Clemente Argolo, e em sociedade com seu irmão  Veridiano, e o italiano  Eugênio Nicoló,  tiveram pela frente uma Serraria com 150 hectares de Pinheirais para beneficiar, tendo na época comprado um Chevrolet 1946 para transporte, que lhe custou 52 hectares  de campo e mais um eito de contos de réis.
        Nessa época chegou na região o filho do famoso Cel. Bicaco,  Sr. Laudelino Luciano Rodrigues de Souza e sua esposa, Réa Silvia Coimbra de Souza, e arremataram 7.500 hectares de Pinhais, e o nosso Plínio, puxando madeira, enamorou-se  da bela Elza de Souza, tendo transferido residência a pedido dos sogros, em 1957 para Catuípe nas Missões.  (Hoje dia 04 de abril de 2013, completa um ano de  falecimento de Elza de Souza do Amaral).
        De Catuípe mudou-se para Santo Ângelo estabelecendo-se com Bar e Churrascaria, e formando o Conjunto Anay (bandoneon, gaita, cavaquinho, sax, violão, clarinete, violino  e bateria), uma verdadeira Orquestra.
        Em 1964 aportou em Passo Fundo, indo morar na Av. Rio Grande e logo integrou-se a grande família do CTG. Lalau Miranda, abrilhantando Bailes e  programas Radiofônicos, com os companheiros Nelson Petry na rabeca, e Luíz Feldmann no violão,  recebendo a denominação do famoso radialista e vereador Leopoldino (Dino) Rosa, de Trio Maravilhoso. Ali foi um peão completo, tendo exercido os mais variados cargos e funções, e participado de dezenas de atividades sociais e excursões do CTG, lembrando com saudade, de Júlio de Castilhos, Ilópolis, Encantado, André da Rocha, Xanxerê, Pato Branco, duas vezes à Volta Redonda no Rio de Janeiro, e mais duas  na Exposição Agro Pecuária de Dourados e Maracaju, no MS, integrando a grande Invernada dos Músicos, juntamente com as Invernadas de Danças, Campeira e a Patronagem.
        Nesse ínterim, em 1979, com seus dois FNM, foi residir em Amambaí – MS, dedicando-se ao transporte de grãos, regressando novamente à Passo Fundo.
        Das suas firmes raízes arrinconadas em Passo Fundo, o casal Plínio e Elza, geraram duas filhas, Circe Maria, casada com Valdir Mozzini, e Zenilda (Kika) Barreto do Amaral, casada com José Goulart, que lhes geraram os netos e netas, Carolina Barreto Mozzini, Ricardo José Mozzini, e os gêmeos José Ricardo e Guilherme Barreto Goulart.
        Nessa longa trajetória, hoje aos 88 anos, Seu Plínio Mena Barreto, “o Rei do Bandoneon de Passo Fundo”, participou de inumeráveis comissões julgadoras de concursos artísticos e culturais das mais variadas entidades tradicionalistas, tendo arrematado nos Festivais do MTG –FEGART e ENART, sete troféus de primeiros lugares e um de segundo, nos concursos de Bandoneon, enfrentando eliminatórias, abaixo de geadas  nos mais distantes rincões do Rio Grande e, alem disso, integrou durante toda a sua existência o famoso Grupo de Danças Folclóricas  “Os Farroupilhas” de Passo Fundo.
        Desde o 1º Rodeio Nacional de Integração Gaúcha, até o 4º Rodeio Internacional de Passo Fundo, Plínio Mena Barreto e Oscar Pinto Vieira, formaram uma dupla imbatível – pedindo gado emprestado – para abrilhantar os Concursos de Tiro de Laço  dos pioneiros Rodeios da Capital do Planalto, ambos integrando a Comissão Campeira e na qualidade de Assessores da Secretaria de Turismo do nosso Município, atuou ainda como Cônsul do Rodeio Internacional, na Argentina e  no Paraguai, e culminando por formar uma Orquestra de Folclore com renomados músicos locais, apresentando-se durante dois anos em festividades da Municipalidade e no 5º Rodeio Internacional de Passo Fundo.
        De espírito inquieto e empreendedor, Tio Mena, que já tinha sido Pecuarista, Madeireiro, Caminhoneiro, Comerciante, Ecônomo, Funcionário Público, Empresário Musical, e sempre tocando bandoneon, por dom de ofício, ajudou a fundar o Centro de Tradições Gaúchas Tropel de Caudilhos, e numa dessas volteadas, juntamente com seus familiares, idealizou e fez realizar o Primeiro Encontro de Bandoneon em Passo Fundo, no ano de 2003, nas dependências do Teatro Múcio de Castro, e hoje, já em sua XI edição, dia 16 de novembro de 2013, no auditório do Colégio Notre Dame, tocadores de Bandoneon, do RS, SC, PR , Argentina e Uruguai, estarão presentes mais uma vez, agora, na Capital Estadual do Bandoneon.

        Mas, e a história do tocador de Bandoneon?

        É mais ou menos assim:
       
        O Tio Mena era um gurizote ainda, de mais ou menos quinze anos de idade, e uma fatalidade, levou prematuramente seu primo Olímpio,  filho do seu tio Olivério Barreto do Amaral, e numa visita a estância dos parentes, o Plínio foi dormir no quarto do falecido, e a curiosidade  o fez encontrar no armário uma bela gaita Somenzi, das primeiras, que foram fabricadas em Capoeiras, um vilarejo antes de Nova Prata. Pediu  de regalo, a dita gaita, mas não levou, só meses depois, um próprio do seu tio, chegou na estância  a cavalo, com a gaita a meia espalda, sendo-lhe presenteada...mas, embora o seu interesse daqueles foles não saiu nada que prestasse...só inhéco, inhéco.
        Logo, logo, para embelezar aqueles 20 milhões de campos,  o Capitão Felipe Mena Barreto, resolveu de fazer na fazenda um cemitério, onde toda a família descansaria, e para tal, contratou um especialista  em feitura de taipas, o caboclo Eleodoro Pedra, que alem de artífice em pedraria era um tocador de Bandoneon de mão cheia.
        De certa feita, o guri Plínio encontra o seu Eleodoro, cortando pedra e chorando, e perguntado, se lamentou, da saudade da família... que a tempos não via, que andavam passando fome... e que precisava vender o seu Bandoneon... para atender as dificuldades da família que moravam lá  pela Extrema, nos confins da Vacaria.
        Condoído, pediu ao pai que ajudasse o peão, e lhe comprasse o seu Bandoneon, mas Dom Felipe relutou, argumentando  que seu ouvido não era dos bons, pois não tocava nem gaita...que dirá Bandoneon, mas a insistência do piá e a promessa de arrancar música daquele instrumento, amoleceu o coração do Capitão, que pagou  ao Eleodoro pelo  tal bandoneon, a bagatela, de uma vaca de cria, um boi gordo, ambos no valor de 400 mil réis e ainda mais 200 mil réis em dinheiro.
        Guri novo, com todo leite, bom de ouvido, de tino apurado, via, apreciava, e memorizava, os botões e os corcovos do fole, e em cinco dias, já estava tocando a sua primeira havaneira no seu bandoneon.
        A notícia de que o filho do Dom Felipe, tocava  uma havaneira, e mais cinco músicas, se espalhou na região, e logo foi contratado para tocar no salão do João   
Basílio, o Conjunto dos Barretos, bandoneon, dois violões, cavaquinho e pandeiro.
        Naqueles tempos, nos Bailes de São João, do Divino Espirito Santo, os donos de Salão exigiam que cada um levasse um brinde para ser leiloado, então, os músicos tocavam uma moda, o povo dançava, e depois seguia-se o leilão de uma prenda, e assim por diante, *entonces, a meia duzia de repertório musical, varava a noite e sobrava fole.
        Por perdulário e pachola, o gaiteiro Félix Barbisan, num baile em Esmeralda, arrematou todos os brindes que foram oferecidos no leilão, desde uma torta até um gramofone estragado, tal era o gosto e as festanças daqueles tempos, onde lá pela metade da noite, era oferecido aos presentes, numa bandeja, café preto e pão caseiro, e o tocador de Bandoneon, a parte,  era servido de galinha e porco assado,  e recebia mais cinco  contos de réis pela tocata.
        Daí por diante tocar bandoneon foi  e é a paixão da vida do Tio Mena, do seu Plínio Mena Barreto do Amaral, com justiça, aqui e agora, hoje homenageado.


                                               Odilon Garcez Ayres
                                       Colega, amigo e testemunha dessa história de vida.
                                       Membro da Academia Passo-Fundense de Letras.

Primeira entrevista realizada no auditório da APL, dia 03.04.2013, a pedido do tradicionalista, Hilton Araldi, e compilada na segunda entrevista dia 09.04.2013, para ser publicada na Revista Água da Fonte da APL, e para homenagem ao biografado.


13ª Bandoneonfest - Joinville / SC

No dia 19 de maio, Joinville sediará a 13ª edição da Bandoneonfest, reunindo bandoneonistas de vários estados brasileiros e também do exterior.
A programação começa já no sábado, dia 18, com um workshop sobre o bandoneón e animada tarde dançante, mas é no domingo que os músicos sobem ao palco para tocar e se divertir durante todo o dia!

Seguem abaixo o folder e a programação oficial do evento!

A diversão é garantida, estão todos convidados!
Maiores informações e reservas:
www.bandoneonfest.com
bandonoenfest@terra.com.br
+55 47 3439 5071 (Dionísio Trapp-Organizador)

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